Excertos do livro "Eu,Carolina"
"O Jorge Nuno pediu ao major que, como presidente da Liga, intercedesse, usasse as suas influências, de modo a que o Mourinho não fosse penalizado ou mesmo suspenso" [devido a ter rasgado a camisola de Rui Jorge, do Sporting]. "Como que a pagar a dívida de gratidão que tinha para com o Jorge Nuno, devido ao empenho do presidente do FCP na sua última vitória eleitoral na Liga de Clubes, Valentim Loureiro acedeu ao pedido do Jorge e o Mourinho não foi punido. Esse telefonema do Jorge Nuno para o major foi, quase de certeza, ouvido pela Polícia Judiciária, o que deu origem ao processo que veio a ser conhecido como o Apito Dourado."
"Naquele primeiro dia de Dezembro de 2004, feriado nacional, os acontecimentos sucederam-se a uma rapidez vertiginosa. Porque não podíamos confiar nos telefones, o doutor Lourenço Pinto convocou-nos, com carácter de urgência, para um almoço no Restaurante Boucinha, em Vila Nova de Gaia. Foram também chamados a participar os senhores Reinaldo Teles e o seu irmão, Joaquim Pinheiro. À mesa, fomos informados com pormenor da situação. Na manhã do dia seguinte, uma brigada da PJ de Lisboa iria entrar na nossa casa e na casa do Reinaldo Teles com mandados de busca e de detenção. Foi muito acentuado que os agentes eram de Lisboa, como se por isso o perigo triplicasse, o que não me pareceu uma análise correcta."
"Nos primeiros dias de Janeiro de 2005, [Jorge Nuno Pinto da Costa] dava voltas e mais voltas e não conseguia adormecer. Com o andar do processo e das informações que recebia sobre o mesmo, Jorge Nuno começou a fazer coro com o major Valentim Loureiro, certos que estavam do nome do sujeito que tinha denunciado as irregularidades na Câmara de Gondomar, e, por arrasto, todo o resto, à Polícia Judiciária, dando origem ao processo do Apito Dourado. Tratava-se do doutor Ricardo Bexiga, vereador na Câmara Municipal de Gondomar e inimigo confesso do major. (...) Dizia-me o Jorge Nuno que era preciso dar uma lição ao doutor Ricardo Bexiga. Falava baixinho sobre o assunto, quando estávamos deitados. Tínhamos medo de que a polícia tivesse posto microfones pela casa e, embora uma pessoa amiga da PJ do Porto lhe tivesse cedido um aparelho que permitia detectar se havia ou não microfones instalados, nunca confiando, as nossas conversas eram sempre uns decibéis abaixo do normal."
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