Iraniana impedida pelo regime de defender título de campeã
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A mais velha de quatro filhos de um rico industrial, Laleh diz que admira Schumacher, mas ressalva que o seu verdadeiro herói é o pai, que a ensinou a conduzir quando tinha 13 anos. Houve ocasiões em que roubava as chaves do carro e fugia de casa, "sempre com medo da polícia", antes de ter a carta de condução. Seguiu os passos do pai na qualidade da condução - "rápida mas segura" - e também na orientação profissional: licenciou-se em gestão industrial na Universidade de Teerão e está agora a tirar o doutoramento. Há muito que a "pequena Schumacher" sabe que a maior parte dos homens têm "inveja" do seu sucesso. Quando se sagrou campeã, a televisão do Estado recusou mostrar as imagens em que ela aparecia no pódio (eliminado pela federação desde o triunfo de Laleh em 2005), com a cabeça bem acima das dos homens. O momento foi, porém, captado pelos fotógrafos que mostraram Laleh a receber a medalha, quieta, o belíssimo rosto inexpressivo e, conforme prometera aos organizadores da prova, com um lenço a cobrir-lhe o longo cabelo negro e um casaco sobre o fato de piloto. Cumpriu, aliás, o decreto religioso que determina que as mulheres podem participar nas corridas caso obedeçam ao código de vestuário islâmico.
Na altura, Laleh acreditava que nada a iria parar: "A resistência dos homens não me incomoda. Quando estou na pista, gosto de pôr em prática as minhas capacidades técnicas, tomar o controlo e dominar os outros condutores."
Dulce Furtado (Publico)
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