PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quarta-feira, 21 de março de 2007

Artigo: COISAS DO MUNDO

I. Os dirigentes árabes preferem continuar a divertir-se com questões secundárias, esquecendo o essencial até à própria sobrevivência dos países e dos povos, que nem as riquezas do petróleo, em muitos países em fase adiantada de esgotamento, conseguem fazer esquecer. Ficamos há dias a saber que “a quantidade de água por pessoa disponível nos países do mundo árabe e no Irão, diminuirá progressivamente até cair em 2050 para 50% da actual”. Estes dados constam de um relatório apresentado do Banco Mundial, divulgado no Cairo, que baseia a previsão na conjugação entre o aumento da população e a redução de 20% das chuvas como consequência da mudança climática numa região particularmente árida. Diz o documento que a escassez de água constitui um dos problemas que serão enfrentados pela região no futuro, mas também adverte sobre a ineficiente gestão dos recursos hídricos e da urgência nas mudanças políticas: "Os países da região destinam entre 1% e 4% do PIB a investimentos relacionados com a água. No entanto, muitas vezes os benefícios do investimento só são revertidos para empresas privadas". Um dos autores do estudo recomenda a tomada de decisões difíceis susceptíveis de mudar as políticas e os hábitos sociais, reconhecendo a existência de “actores económicos muito poderosos que impedem a mudança". E quais as consequência desta situação na saúde pública? O relatório esclarece: 22 de cada 100 mil habitantes da região (excluindo Líbia, Israel e os países do Golfo) morrerão por causa de diarreia, enquanto na América Latina e no Caribe o número de mortes por esse motivo é de 6 por cada 100 mil pessoas. O pior é que não se trata de pedir que as pessoas fechem a torneira durante o duche, já que o consumo doméstico só representa 10% do total. O grande problema "está na agricultura, desenvolvida numa região onde a irrigação por inundação continua a ser a regra”.
II. O Brasil é um manancial de notícias surpreendentes e negativas, nalguns casos espantosamente violentas e dramáticas, que das duas uma: ou escondemos o que ali se passa, ou damos conta da realidade, apostando na reflexão e no chamar da atenção das pessoas. Esta notícia, que me chamou a atenção pelo absurdo, aconteceu no Pará: “Um rapaz de oito anos matou um menino de três na cidade de Novo Progresso. O rapaz atraiu o colega da escola para um descampado, deu-lhe uma paulada mortal na cabeça, violou-o e decapitou-o. O rapaz foi apanhado com a faca do crime na mão e confessou tudo, com uma frieza que chocou as autoridades brasileiras. Foi o delegado José Casimiro Beltrão que deteve o menino e, mesmo habituado a lidar com crimes violentos, ficou, segundo a Globo, chocado com o caso: «Estou abalado, nunca vi uma coisa dessas entre duas crianças», disse à imprensa local. O juiz Celso Marra Gomes ouviu o depoimento do menor e também ficou chocado com a frieza com que este confessou o crime. «Dei-lhe uma paulada na cabeça. Ele caiu e nem chorou. Fui a casa, peguei numa faca e cortei-lhe a cabeça», relatou o rapaz. A princípio, o rapaz disse que matou Kauã Damásio Peres, de três anos, apenas porque não gostava dele. Mais tarde explicou que matou o menino porque este tinha atirado a sua bola para o mato durante uma brincadeira, o que gerou uma desavença. O corpo de Kauã foi encontrado num terreno baldio perto de uma estação rodoviária. A frieza e precisão com que o assassino de oito anos confessou que matou o menino com uma paulada na cabeça, tirou-lhe a roupa e violou-o e, mais tarde, decapitou-o, chocou polícia e juiz. «De todas as vezes que foi questionado não mudou uma palavra da versão, com uma tranquilidade impressionante», contou o delegado à imprensa brasileira. Temendo a fúria da população local e a possibilidade de uma tentativa de linchamento, o juiz ordenou a transferência imediata do assassino”. Que querem que eu diga? E ainda há brasileiros que se “ofendem” todos quando os meios de comunicação social trazem para as suas páginas estes casos...

III. Há dias assustei-me: o relatório "Previsões sobre a População Mundial 2006", do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas estima que a população mundial aumente em 2,5 mil milhões de habitantes nos próximos 43 anos, passando dos actuais 6,7 mil milhões de pessoas para 9,2 mil milhões O relatório sublinha ainda que o número de pessoas com 60 anos de idade ou mais (actualmente 673 milhões) pode vir quase a triplicar até à metade do século, chegando aos dois mil milhões. Quer isto dizer que os idosos representarão quase um quarto da população mundial projectada para 2050.A ONU esclarece que nas regiões industrializadas, a população com idades superiores a 60 anos, que actualmente representa 20% da população, deverá aumentar para 33%, enquanto que nos países em desenvolvimento, a faixa etária de 60 anos ou mais deverá quase duplicar, passando de 245 milhões (2005) para 406 milhões em 2050. Os peritos da ONU lembraram que a previsão do aumento total da população mundial para a metade do século (2,5 mil milhões) equivale à população mundial em 1950. Um aumento sobretudo nos países em desenvolvimento, devem passar de 5,4 mil milhões de habitantes em 2007 para 7,9 mil milhões de habitantes em 2050., o que significa que a maior parte dos jovens do mundo deverá concentrar-se nos 50 países mais pobres. As previsões para a Europa de 2050 apontam para um decréscimo de cerca de 67 milhões. Estas previsões da ONU dizem que a maior parte da população continuará a viver no continente asiático, actualmente já a região mais populosa do mundo (4 mil milhões de habitantes) – o crescimento populacional para a China será de 96 milhões, enquanto que a Índia terá mais 524 milhões de habitantes, passando a ser em 2025 o país mais populoso do mundo em vez da China.
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 23 de Março 2007

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