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segunda-feira, 26 de março de 2007

Artigo: Eleições regionais (XII)

Existem na Madeira, de acordo com os dados oficiais do STAPE, um total de 230.630 eleitores em condições de participar nas eleições regionais antecipadas de 6 de Maio, dos quais 124.229 (54%) são mulheres, indicador que deve interessar aos partidos políticos.
O peso dos concelhos é geralmente uma das mais importantes componentes tidas em consideração no processo de elaboração das candidaturas dos partidos, bem como, agora, na definição da estratégia eleitoral e das principais apostam, dado o novo modelo de lei eleitoral que pela primeira vez será adoptado. Mas não pode ser o único, porque uma coisa é a amplitude dos concelhos em termos de eleitores recenseados, outra coisa é o significado de cada um dos concelhos, em termos eleitorais, para cada partido. Vejamos o peso eleitoral dos onze concelhos, de acordo com os dados do recenseamento de Fevereiro passado:
Calheta, 11.167 eleitores, 4,8%
Câmara de Lobos, 26.983 eleitores, 11,7%
Funchal, 99.906 eleitores, 43,3%
Machico, 19.801 eleitores, 8,6%
Ponta do Sol, 8.148 eleitores, 3,5%
Port6o Moniz, 3.159 eleitores, 1,4%
Porto Santo, 4.372 eleitores, 1,9%
Ribeira Brava, 12.114 eleitores, 5,3%
Santa Cruz, 30.056 eleitores, 13%
Santana, 8.697 eleitores, 3,8%
São Vicente, 6.227 eleitores, 2,7%
Outra questão importante num acto eleitoral desta natureza, onde os deputados podem ser eleitos por diferenças mínimas, tem a ver com o chamado “eleitorado” flutuante que eu na Madeira calculo situar-se entre os 10 e os 14 mil eleitores. São pessoas que votam conjunturalmente em função de determinadas opções e/ou factos, mas que não se sentem vinculados, nem a partidos, nem a programas eleitorais, nem muitas vezes a pessoas. Em média, nas eleições regionais, os partidos têm o seu eleitorado próprio, o chamado eleitorado cativo, que votará nos partidos, independentemente do que possa acontecer. Quer isto dizer que poderá ser esse eleitorado flutuante a decidir as eleições, sendo por isso compreensível que venha a ser objecto de particular atenção pelos partidos. Eu dou dois exemplos para que as pessoas percebam o que pretendo dizer:
Nas regionais de Outubro de 2004, o quadro geral das eleições foi o seguinte:
Inscritos: 227.774 eleitores
Votantes: 137.734 eleitores (69,5%)
Abstenções: 90.040 eleitores (39,5%)
PSD: 73.973 votos (53,7%)
PS: 37.751 votos (27,4%)
CDS: 9.691 votos (7,0%)
PCP: 7.590 votos (5,5%)
Bloco Esquerda: 5.035 votos (3,7%)
Já nas Legislativas de Fevereiro de 2005 (Assembleia da Republica), quatro meses depois, o cenário foi diferente, em grande medida devido à diferença do acto eleitoral, à penalização imposta ao PSD praticamente em todo o país e ao facto do chamado “eleitorado flutuante” ter realmente demonstrado esse seu estatuto:
Inscritos: 230.860 eleitores
Votantes: 140.421 eleitores (60,8%)
Abstenções: 90.439 eleitores (39,2%)
PSD: 63.523 votos (45,2%)
PS: 49.122 votos (34,9%)
CDS: 9.215 votos (6,6%)
PCP: 4.991 votos (3,6%)
Bloco Esquerda: 5.265 votos (3,8%)
Olhando aos números, constata-se que praticamente se registou uma estabilidade nos abstencionistas (mais de 90 mil eleitores, o que não deixa de ser altamente preocupante), mas já quanto aos resultados eleitorais obtidos pelos partidos a coisa muda de figura: o PSD em quatro meses "perdeu" um pouco mais de 10 mil votos enquanto que o PS, no mesmo período, "ganha" mais de 11 mil votos. O CDS/PP consegue, com mais ou menos dificuldade, "segurar" o seu eleitorado, o mesmo acontecendo com o Bloco de Esquerda enquanto, na medida em que apenas o PCP, e confesso que com alguma surpresa, viu "voarem" cerca de 2.500 eleitores entre 2004 e 2005.
Luís Filipe Malheiro

Jornal da Madeira, 26 de Março 2007

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