Londres é um paraíso para multimilionários
Londres é um paraíso para bilionários. Sim, bilionários ou multimilionários, mais ricos que os "comuns" milionários. Esta é pelo menos uma das leituras possíveis a fazer da lista anual dos homens mais ricos do planeta divulgada pela Forbes, em que Londres surge como uma das cidades com mais multimilionários (34), ultrapassada apenas por Nova Iorque, Moscovo e São Francisco. E uma das particularidades da capital britânica é o facto de quase metade serem estrangeiros, o que sugere que a cidade se está a tornar num refúgio para as grandes fortunas. Mas qual é afinal o grande íman da maior metrópole da Europa, onde se diz que são faladas mais de 300 línguas?"Londres tem um Governo estável, é um grande centro de serviços financeiros a nível mundial e tem um regime fiscal benevolente para os não-residentes", sintetiza ao DN Tony Travers, professor da London School of Economics. Este investigador, especialista em assuntos relacionados com a capital, sublinha que o facto de os impostos incidirem apenas nos rendimentos obtidos no Reino Unido é um factor importante. Mas acrescenta que "por outro lado, é também uma cidade cosmopolita e com gente das mais diversas nacionalidades, o que permite a esses milionários conhecer pessoas com o mesmo estilo de vida e interesses comuns". Outra teoria vê na vitalidade da praça financeira de Londres o principal chamariz para os bilionários. Na verdade, muitos dos grandes negócios europeus passam pelos mercados londrinos, onde diariamente se transaccionam muitos milhões, e muitas multinacionais optam por fixar aqui a sua sede europeia. Aliás, a City está a roubar protagonismo a Wall Street na guerra pela atracção de milhões aos mercados de capitais e alguns especialistas acreditam que já terá ultrapassado Nova Iorque como principal praça financeira mundial. Este ano há mesmo novos bilionários britânicos que lançaram a dispersão do capital em bolsa no London Stock Exchange, casos de Mike Ashley (dono da Sports World) e do gestor de fundos Mark Coombs. Também o boom imobiliário dos últimos cinco anos tem ajudado a cimentar esta preferência das elites, uma vez que é uma área de investimento que exige muito músculo financeiro, mas onde os lucros são astronómicos. Segundo Tom Tangney, agente da imobiliária Knight Frank, há lista de espera para casas em zonas mais exclusivas como Kensington, Holland Park, Chelsea, Knightsbridge ou Belgravia, onde os preços das residências aumentaram mais de 20% no último ano. "Estes compradores geralmente querem permanecer anónimas e viver em zonas habitadas por pessoas com o mesmo perfil", explica ao DN. "E não há falta de procura. Pelo contrário, uma das dificuldades é precisamente a falta de oferta" de residências de luxo, acrescenta. Além de tudo isto, é preciso não esquecer que é relativamente fácil manter o anonimato numa cidade com 8,5 milhões de habitantes, sobretudo numa cultura onde a discrição inglesa é regra (só quebrada pelos tablóides). Londres está também numa posição geográfica privilegiada, com boas ligações aéreas a praticamente todo o Mundo. O inglês é uma língua universal, bastante mais acessível do que o russo ou o japonês. E a capital britânica é uma cidade cosmopolita, que fervilha de cultura e atracções sempre renovadas nas suas salas de espectáculos, museus, estádios, restaurantes, lojas e muito mais. Para quem pode viver com estilo, porque não?
Fonte: Hugo Bordeira, DN de Lisboa
Fonte: Hugo Bordeira, DN de Lisboa
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