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terça-feira, 19 de junho de 2007

Mulheres em minoria no topo dos cargos públicos

A administração pública central tem um rosto feminino: quase 60 por cento dos mais de 494 mil funcionários dependentes dos diferentes ministérios são mulheres. No entanto, elas estão claramente sub-representadas nos escalões de remuneração mais elevados e nas funções de topo — ocupam não mais de 32 por cento dos cargos de director-geral ou equiparado, revela um estudo do Instituto Nacional da Administração. Se nos dois escalões remuneratórios mais baixos (1200 a 1600 euros) o peso dos homens é um pouco superior ao das mulheres, no intervalo dos 3400 aos 5200 euros de salário há uma "quase paridade". A situação só se inverte no topo. As mulheres representam apenas 34,5 por cento dos trabalhadores com um ordenado ilíquido superior a 5200 euros, que é o que ganha, por exemplo, um director-geral, explica a coordenadora do estudo, Helena Rato. O domínio dos homens no topo da hierarquia salarial é "particularmente evidente" nos ministérios da Defesa, Turismo, Ambiente e Segurança Social, onde, de acordo com os dados de 2004 da Caixa Geral de Aposentações, simplesmente não há mulheres com salários ilíquidos superiores àquela fasquia. O estudo "A igualdade de género na administração pública central portuguesa", o primeiro sobre igualdade de género no sector, fala de uma "dupla assimetria": há um défice global de presença masculina e uma "clara sub-representação de mulheres" no topo. Porquê? Sobretudo, diz Helena Rato, "porque as mulheres têm menos disponibilidade de tempo, porque a carga das tarefas familiares concentra-se sobretudo sobre elas e porque elas se sentem mais responsáveis por não dar assistência à família". Ou seja, "mesmo quando a oportunidade existe, as mulheres desistem muitas vezes de evoluir" na carreira porque ser dirigente implica "uma disponibilidade de tempo total".
Sem tempo para os filhos
A equipa de Helena Rato analisou ainda as respostas de 2202 técnicos superiores e dirigentes a um questionário. Os dados relacionados com o uso do tempo na esfera privada, no grupo de inquiridos com filhos até aos 14 anos, confirmam que as mulheres-mães-profissionais estão também incumbidas de boa parte das tarefas domésticas: 63 por cento dizem gastar pelo menos uma hora por dia com as mesmas, contra 22,6 por cento dos homens; 14,8 por cento gastam pelo menos outra hora a "levar/buscar à escola as crianças", contra 7,5 por cento dos colegas do sexo masculino que relatam o mesmo dispêndio de tempo.Mais surpreendente é que só uma pequena minoria (2,4 por cento) das mulheres diga gastar mais de três horas por dia a prestar "cuidados a crianças pequenas". Entre os homens a percentagem é ainda mais diminuta (0,5 por cento). Quase um terço das mulheres e 52 por cento dos homens contaram que não realizam de todo essas tarefas ou só o fazem ocasionalmente. Helena Rato diz que pode ter havido "diferentes interpretações", por parte de quem respondeu, sobre o que são "crianças pequenas" — "poderão, por exemplo, só ter considerado crianças pequenas até aos três anos e daí terem dito que não fazem essas tarefas porque têm filhos mais velhos". Mas, mesmo assim, não se pode deixar de ler nos números a "falta de tempo que as pessoas têm para dedicar à família". Mais um dado: 17,7 por cento das mulheres e um quarto dos homens disseram que não brincam nem acompanham os estudos dos filhos ou só o faziam ocasionalmente. Quanto ao "exercício de actividades inerentes à prática da cidadania", é quase nulo. Há 81 por cento de homens e 62 por cento de mulheres que dizem não ter qualquer participação (fonte: Andreia Sanches, Publico online)

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