PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Portugueses devem 25% mais do que ganham

O endividamento recorde das famílias portuguesas, que em 2006 subiu para 124% do rendimento disponível, é um factor de crescente preocupação para o Banco de Portugal (BdP). Na zona euro, a economia doméstica só é ‘batida’ pela Holanda. É “uma vulnerabilidade relevante da economia portuguesa”, tendo em conta a tendência de subida das taxas de juro e as “melhorias incipientes” do mercado de trabalho, alerta o banco central no Relatório de Estabilidade Financeira de 2006, ontem publicado. A autoridade governada por Vítor Constâncio refere que esta situação estará a expor negativamente as camadas da população “mais jovens, com rendimentos mais baixos e maior propensão a transitar [...] para o desemprego” às subidas das taxas de juro pelo Banco Central Europeu, além de contribuir para a subida dos níveis de novos créditos malparados, por exemplo. O regulador do sector bancário diz ainda que a forte subida do endividamento dos particulares (para compra de casa e consumo) continua imparável, pois tem sido “sustentada” pela “oferta de novos produtos e novas modalidades contratuais por parte dos bancos”. É o caso dos empréstimos que permitem aos clientes pagarem menos nas prestações iniciais, do alargamento do número de anos do contrato (para prazos que chegam aos 50 anos, no caso das hipotecas) ou da “menor exigência” na relação “entre o valor do empréstimo e o valor da garantia subjacente”. Desta vez o banco central não o refere, mas segundo dados do BCE, Portugal é o país da zona euro onde o peso dos contratos de crédito hipotecário indexados a taxas de juro variáveis é maior (98% do total contra uma média europeia de 51%), o que ilustra a elevada exposição à subida dos juros. As práticas comerciais mais agressivas da banca “facilitam o acesso ao crédito por parte de algumas famílias que, noutras condições, teriam dificuldades em financiar as suas despesas de consumo e investimento”, escreve o BdP. Essas mesmas práticas podem aumentar o número de situações de incumprimento. No sector das empresas a escalada do endividamento também causa apreensão, tendo atingido um novo recorde (105% do PIB, o mais alto da zona euro). O BdP observa que, ao contrário do que seria de esperar, a expansão significativa do crédito às empresas nos últimos anos não levou a uma retoma do investimento, estando a ser utilizado para “reestruturar dívida”, ou seja, para que muitas pequenas e médias empresas não caiam em incumprimento (malparado). Para satisfazerem todo este ‘apetite’ por crédito, os bancos têm pedido emprestado ao exterior, estando por isso “particularmente expostos a alterações no sentimento de mercado”, das bolsas internacionais e das taxas de juro.Viver bem acima das possibilidadesO facto de o endividamento das famílias ultrapassar o rendimento disponível (em 25%) significa que, em média, os portugueses estão a pedir emprestado para conseguir sustentar o seu nível de vida – no fundo, em termos grosseiros (e, sublinhe-se, em média), vivem 25% acima das suas possibilidades. O rendimento disponível mede o que as famílias têm após impostos e subsídios. No endividamento estão incluídos os créditos já contraídos, assim como os encargos com os respectivos juros (fonte: Luís Reis Ribeiro, Diário Económico)

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast