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segunda-feira, 9 de abril de 2007

Artigo: Eleições regionais (XVII)

O PSD da Madeira inaugura hoje a sua sede de campanha, primeiro acto de um calendário de iniciativas que se prolongarão até 4 de Maio, e que se inserem no propósito de mobilizar os madeirenses para as eleições regionais de 6 de Maio que são, em meu entender, das mais, senão mesmo as mais, importantes de todas. Desde logo porque uma nova lei eleitoral, da iniciativa do PSD e de mais ninguém, reduz os deputados regionais, indo ao encontro de muitas críticas da sociedade civil que sustentava, com razão, que a Assembleia Legislativa tinha uma composição excessiva para uma região com a dimensão da Madeira. Depois, porque estas eleições ocorrem numa conjuntura política de todos conhecida, não sendo por isso admissível – embora isso diga respeito à consciência e às convicções de cada um – que a exemplo das regionais de Outubro de 2004 e das legislativas de 2005, mais de 90 mil madeirenses virem as costas ao exercício de um dever de cidadania, alheando-se de um acto eleitoral que diz respeito a todos nós. Permitindo assim que os nossos adversários questionem a autonomia e, mais grave do que isso, questionem ou duvidem, do nosso apoio e do nosso empenho na construção da Autonomia regional, que é um processo permanentemente dinâmico e não estático, que avança ou recua em função do que os políticos querem.
O PSD da Madeira parte para estas eleições de consciência tranquila, mas com convicções, certo de que a oposição vai reduzir até à dimensão da adufa uma campanha eleitoral, que deve ser entendida à escala regional, remetida para um patamar de dignidade que nada trem a ver com as palhaçadas de discursos para a caça aos votos. Será uma campanha da desgraça., em que tudo está mal, em que as decisões tomadas foram todas más, uma campanha em que todos os que estão no PSD, ou votam no PSD, são uma espécie de lixo, qual cambada de corruptos, e ao contrário de outros que se refugiaram em partidos de contestação mas que encheram os bolsos (e enchem os bolsos) à custa de esquemas e/ou de favores que directa ou indirectamente os beneficiaram (ou beneficiam).
O PSD da Madeira recusa euforias, não desvaloriza estas eleições regionais e não está convencido que as ganhou ou as perdeu, porque isso seria atropelar a liberdade de voto e de opção do eleitorado. No PSD estamos todos proibidos de alimentar euforias tontas ou de espalhar a arrogância que às vezes reserva surpresas. Temos que ter a humildade, vamos ter a humildade, própria de quem tudo fez para cumprir o que prometeu, de quem está preparado para voltar a assumir perante o Povo compromissos responsáveis de um partido de luta, de liderança da Autonomia, que continua empenhado no combate político, continuando a ter a Madeira e os Madeirenses como referências essenciais. Mas esta convicção, esta humildade, esta coerência, seriedade e sentido prático do PSD da Madeira não se compadece com a passividade perante os ataques da oposição, com o silêncio com a ausência de uma adequada resposta perante o primado da mentira, da demagogia e a tentativa de manipulação dos factos ou de branqueamento de responsabilidades daqueles que se comportaram nestes dois anos e meio como os principais inimigos da Autonomia e da Madeira. Mas que agora, paradoxalmente, pedem o voto do povo para assaltarem o poder. Isso seria o fim da Autonomia, o fim da Madeira dos novos tempos, o enterrar na lama de trinta anos de percurso, com erros e virtudes, com sucessos e contrariedades mas que permitiram que nos afirmássemos no seio do Estado e que consolidássemos a nossa dignidade própria.
É com esta humildade – que recomendo seja rigorosamente observada – que o PSD da Madeira parte para mais um combate eleitoral, preocupado em levar a mensagem às pessoas e não no folclore efémero e despesista que não dá votos nem faz ninguém mudar o seu sentido de voto, em mobilizar os eleitores e não na “pimbalhada” em manter a dignidade de um partido com responsabilidades e sóbrio, e não nos gastos supérfluos que, levados ao extremo, acabam por constituir uma ofensa às pessoas. E lembro que foi Alberto João Jardim quem, desde sempre, impôs as regras do jogo que não deveriam ser subvertidas por espíritos festivaleiros seja de quem for.
Quando se fica a saber que os partidos podem gastar 5 milhões de euros (1 milhão de contos) numa campanha eleitoral que se realiza nas circunstâncias desta, admito que os eleitores se interroguem e, particularmente, questionem os partidos que se deixarem arrastar por caminhos de não contenção ou de palhaçada que não se identificam com uma Região que, exactamente por razões políticas e financeiras, se vê envolvida em eleições antecipadas.

Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 09 de Abril 2007

P.S. – Ricardo Soares do semanário Tribuna da Madeira traz-nos há dias um problema complicado, que não é novo, e que em meu entender tende a agravar-se se alguma coisa de concreto – e não campanhas tontas ou iniciativas associativas que não passam de floreados para ganhar protagonismo patético na comunicação social, mas não para resolver problemas em concreto: “O cadastro comercial registou, nos últimos dois anos, 176 aberturas e 401 encerramentos de estabelecimentos comerciais. De acordo com Isabel Rodrigues, directora regional de Comércio, Indústria e Energia, as dificuldades sentidas no comércio a retalho são “o reflexo da situação económica que o país atravessa”. Os números constam da base de dados do cadastro comercial e são fornecidos pela DRCIE. Com a ressalva, no entanto, de que “nem todos os novos estabelecimentos se encontram registados” nessa mesma base de dados e que “os encerramentos são consequência, essencialmente, do trabalho de campo efectuado pela DRCIE e não reflectem a data de encerramento dos mesmos”. A dúvida, perante os factos, é saber o que podemos fazer e o que é que o Funchal pode fazer para inverter esta situação.

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