Artigo: ERROS E DESESPERO
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Hoje tenho quase a certeza que Jacinto Serrão concorda comigo e que percebeu que não deveria ter-se colocado nas mãos de “fazedores de imagem” na política os quais, por muito profissionais que fossem – e alguns jornalistas continentais que estiveram em serviço na Região, referiram-se ao “profissionalismo” da equipa de campanha do PS, para o efeito contratada no Continente, mas esqueceram, nem eram obrigados a sabê-lo, a experiência eleitoral do secretariado do PSD que trabalha junto há 15 anos. Serrão concordará comigo quando afirmo que os socialistas desprezaram outras frentes de campanha nas quais, por exemplo, o PCP apostou muito. Aliás, era frequente durante toda a campanha, as equipas social-democratas encontrarem apenas “embaixadas” comunistas, numerosas, devidamente preparadas em termos técnicos e com muita propaganda para distribuir. E que nunca se envolveram em qualquer tipo de provocação com o PSD.
Este impacto negativo no PS das regionais de 6 de Maio - que seria igual ou pior em qualquer outro partido na mesma situação – não pode constituir nem motivo para desespero, nem tão pouco, e sobretudo isso, justificação para comportamentos indignos, quer directamente da responsabilidade dos ainda dirigentes, quer com a sua cumplicidade, beneplácito ou até envolvimento directo sob a capa do anonimato. O insulto - e uma coisa é discutirmos politicamente, concordando ou não com o que as pessoas dizem, mas respeitando cada uma delas – revela o carácter mesquinho (ou a falta de carácter e de princípios éticos) de quem assim se comporta, a falta de educação e as frustrações de quem porventura não resolveu problemas traumáticos no passado, que nada têm a ver com a política, mas que em certa medida, desde esse passado molda o carácter e condiciona tudo, até a sua forma de ser e de estar. Evidentemente que ignorar essa manifestação de desespero – pelos vistos o 6 de Maio não serviu de lição – é a atitude recomendável. Mas não aceito, por tudo isso, que se possam manter qualquer tipo de relacionamento cordial, mesmo que meramente institucional, com essa gente. E nesse aspecto sou um radical. Limitar-me-ei a ignorar os que considero serem parte, e respectivos cúmplices, porque não tolero a hipocrisia de jogos duplos. Comigo não. Dir-me-ão que não lhes faço falta. Ainda bem, dou graças a Deus., Mas podem estar certos é que, a mim, de certeza absoluta, não me fazem nem me farão falta nenhuma. Desprezo-os, não baixo ao nível deles.
Luís Filipe Malheiro
Jormnal da Madeira, 18 de Maio 2007
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