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segunda-feira, 21 de maio de 2007

Artigo: ERROS E DESESPERO

Qualquer pessoa minimamente atenta apercebe-se que o PS da Madeira está a atravessar porventura o seu pior momento desde 1974, fruto da copiosa derrota sofrida, da eleição de apenas 7 deputados que deixam de fora alguns potenciais membros do grupo parlamentar que aceitaram a inclusão em posições secundárias da lista porque partiram da garantia de uma eleição assegurada – realidade que não é ainda mais penosa graças às suspensões de mandatos já anunciadas. Há compreensivelmente, um desespero perante um desfecho eleitorado que eu acredito que nem mesmo os menos optimistas no PS, julgavam possível. Sei que antes das eleições – e não digo isto para confundir ou para inventar seja o que for, mas por ter sido uma realidade constatada por dirigentes e candidatos social-democratas em campanha – várias vozes, embora pela surdina, já garantiam uma “malha”, perspectiva que fundamentava as sistemáticas críticas que faziam a Jacinto Serrão, embora não publicamente. Posso assegurar que em determinados momentos esses factos chegaram a intrigar, assim como Serrão deveria apurar porque motivo em muitas freguesias e concelhos, ou não víamos ninguém do PS em campanha (o que noutras eleições não acontecia) ou, quando apareciam, faziam-no fugazmente, quase que obrigados a distribuir uns tantos papéis e sair rapidamente do local. Admito que Serrão, não por culpa própria mas por ter sido induzido, tenha cometido o erro estratégico de acreditar que a encenação dos comícios montados por marketeiros contratados era suficiente ou que os tempos de antena, com níveis de audiência quase nulos, garantiam votos. Penso que o tipo de debate político que vinha caracterizando a campanha do PSD, o facto de privilegiar o combate à lei de finanças regionais, mobilizando as pessoas para uma atitude de condenação, obrigariam a uma estratégia mais directa, mais pedagógica, de contactos directos, que obviamente os comícios não resolvem. A dada altura fiquei na dúvida que esses comícios de Serrão se destinavam à comunicação social nacional e à opinião pública continental, como se uns e outros votassem...
Hoje tenho quase a certeza que Jacinto Serrão concorda comigo e que percebeu que não deveria ter-se colocado nas mãos de “fazedores de imagem” na política os quais, por muito profissionais que fossem – e alguns jornalistas continentais que estiveram em serviço na Região, referiram-se ao “profissionalismo” da equipa de campanha do PS, para o efeito contratada no Continente, mas esqueceram, nem eram obrigados a sabê-lo, a experiência eleitoral do secretariado do PSD que trabalha junto há 15 anos. Serrão concordará comigo quando afirmo que os socialistas desprezaram outras frentes de campanha nas quais, por exemplo, o PCP apostou muito. Aliás, era frequente durante toda a campanha, as equipas social-democratas encontrarem apenas “embaixadas” comunistas, numerosas, devidamente preparadas em termos técnicos e com muita propaganda para distribuir. E que nunca se envolveram em qualquer tipo de provocação com o PSD.
Este impacto negativo no PS das regionais de 6 de Maio - que seria igual ou pior em qualquer outro partido na mesma situação – não pode constituir nem motivo para desespero, nem tão pouco, e sobretudo isso, justificação para comportamentos indignos, quer directamente da responsabilidade dos ainda dirigentes, quer com a sua cumplicidade, beneplácito ou até envolvimento directo sob a capa do anonimato. O insulto - e uma coisa é discutirmos politicamente, concordando ou não com o que as pessoas dizem, mas respeitando cada uma delas – revela o carácter mesquinho (ou a falta de carácter e de princípios éticos) de quem assim se comporta, a falta de educação e as frustrações de quem porventura não resolveu problemas traumáticos no passado, que nada têm a ver com a política, mas que em certa medida, desde esse passado molda o carácter e condiciona tudo, até a sua forma de ser e de estar. Evidentemente que ignorar essa manifestação de desespero – pelos vistos o 6 de Maio não serviu de lição – é a atitude recomendável. Mas não aceito, por tudo isso, que se possam manter qualquer tipo de relacionamento cordial, mesmo que meramente institucional, com essa gente. E nesse aspecto sou um radical. Limitar-me-ei a ignorar os que considero serem parte, e respectivos cúmplices, porque não tolero a hipocrisia de jogos duplos. Comigo não. Dir-me-ão que não lhes faço falta. Ainda bem, dou graças a Deus., Mas podem estar certos é que, a mim, de certeza absoluta, não me fazem nem me farão falta nenhuma. Desprezo-os, não baixo ao nível deles.
Luís Filipe Malheiro

Jormnal da Madeira, 18 de Maio 2007

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