Artigo: DIA DA CRIANÇA
Comemorou-se na passada sexta-feira, 1 de Junho, mais um “Dia Internacional da Criança”, efeméride quem, no nosso caso, se realiza este ano em Portugal numa conjuntura marcada pelo desaparecimento de uma criança inglesa no Algarve, pela denúncia de aumento de casos de exploração infantil, pela tentativa de venda, no Alentejo, de uma criança por 50 euros, pelo ressuscitar do drama das famílias portuguesas, cujos filhos desapareceram há muitos anos, sem que deles existam quaisquer rastos, etc. Digamos que não existem condições, longe disso, para que se comemore a data com a demagogia leviana ou com a “ingenuidade” institucional que acaba por ser a responsável pela banalização das efemérides.
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se embora aponte como provável a redução de casos de subnutrição em mais de 30 países, um relatório das Nações Unidas sobre a fome no mundo, denuncia que a falta de alimentos mata uma criança a cada cinco segundos? O documento - "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo - 2004" - reconhece que, “apesar do esforço em algumas partes do planeta, a meta de reduzir a fome pela metade até 2015 não está a ser conseguida, na medida em que a fome e a desnutrição levam à morte todos os anos mais de 5 milhões de crianças, a maioria (mas não somente) nos países em desenvolvimento”.
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se a FAO - o programa da ONU para agricultura e alimentação que realiza o levantamento - denunciou que 852 milhões de pessoas em todo o mundo se subalimentaram durante os anos de 2000 e 2002, o que representa um aumento absoluto de 180 milhões de pessoas em relação ao período de 1995 e 1997, aumento este que é generalizado a todas as regiões em desenvolvimento, com excepção da América Latina e do Caribe? Do total de crianças sub-nutridas divulgadas pela FAO, 815 milhões vivem em países em desenvolvimento, 28 milhões nos chamados países de transição (por exemplo as antigas repúblicas soviéticas) e 9 milhões nos países industrializados. Mas a fome também atinge as crianças recém-nascidas de forma drástica. Todos os anos, segundo o relatório, 20 milhões de crianças nascem abaixo do peso em países em desenvolvimento e nalguns países como a Índia e o Bangladesh, o número de casos de crianças nascidas abaixo do peso chega a 30% do total. O documento da FAO revela que a fome e a desnutrição custam cerca de 15 mil milhões de dólares anuais em dispensas médicas todos os anos e revela estimativas que apontam para a possibilidade de 15 países da África e na América Latina poderem reduzir a subnutrição para metade até 2015.
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se a fome e a má nutrição estão a ameaçar a vida de 3.6 milhões de pessoas no Níger, das quais 800.000 são crianças com menos de cinco anos? A Unicef e várias organizações lançaram um apelo de emergência de 12 milhões de dólares: “Neste momento o problema afecta o Níger. Mas, infelizmente, corremos o risco de que a situação se venha a verificar também em países vizinhos como a Nigéria, o Mali e o Burkina Faso. Precisamos de atacar o problema o mais rapidamente possível, para evitar uma crise como a que se vive no Níger”, disse um responsável pela organização. Como se pode comemorar o “Dia Internacional da Criança”, se indicadores oficiais constantes de um relatório do instituto de pesquisa internacional da política de alimento (IFPRI), apontam para a possibilidade de 42 milhões de crianças poderem estar a passar fome em África em 2025, caso as actuais tendências da política e do investimento continuem?
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se todos os anos, a fome mata seis milhões de crianças em todo o mundo? Um “Relatório sobre a Fome no Mundo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO)” diz que o Sarampo, as diarreia ou a malária são só os motivos aparentes deste flagelo e que a subnutrição é a única causa que enfraquece os seus sistemas imunitários, impedindo-os de combater doenças banais para a maioria dos países desenvolvidos. A África subsariana e a região do planeta mais afectada por este flagelo. Este documento apresentado na 33.ª Conferência da FAO, revela que 852 milhões de pessoas em todo o mundo sobrevivem quase sem comida, sendo questionada a viabilidade da redução da pobreza extrema em 50% até 2015.
Luís Filipe Malheiro
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se embora aponte como provável a redução de casos de subnutrição em mais de 30 países, um relatório das Nações Unidas sobre a fome no mundo, denuncia que a falta de alimentos mata uma criança a cada cinco segundos? O documento - "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo - 2004" - reconhece que, “apesar do esforço em algumas partes do planeta, a meta de reduzir a fome pela metade até 2015 não está a ser conseguida, na medida em que a fome e a desnutrição levam à morte todos os anos mais de 5 milhões de crianças, a maioria (mas não somente) nos países em desenvolvimento”.
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se a FAO - o programa da ONU para agricultura e alimentação que realiza o levantamento - denunciou que 852 milhões de pessoas em todo o mundo se subalimentaram durante os anos de 2000 e 2002, o que representa um aumento absoluto de 180 milhões de pessoas em relação ao período de 1995 e 1997, aumento este que é generalizado a todas as regiões em desenvolvimento, com excepção da América Latina e do Caribe? Do total de crianças sub-nutridas divulgadas pela FAO, 815 milhões vivem em países em desenvolvimento, 28 milhões nos chamados países de transição (por exemplo as antigas repúblicas soviéticas) e 9 milhões nos países industrializados. Mas a fome também atinge as crianças recém-nascidas de forma drástica. Todos os anos, segundo o relatório, 20 milhões de crianças nascem abaixo do peso em países em desenvolvimento e nalguns países como a Índia e o Bangladesh, o número de casos de crianças nascidas abaixo do peso chega a 30% do total. O documento da FAO revela que a fome e a desnutrição custam cerca de 15 mil milhões de dólares anuais em dispensas médicas todos os anos e revela estimativas que apontam para a possibilidade de 15 países da África e na América Latina poderem reduzir a subnutrição para metade até 2015.
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se a fome e a má nutrição estão a ameaçar a vida de 3.6 milhões de pessoas no Níger, das quais 800.000 são crianças com menos de cinco anos? A Unicef e várias organizações lançaram um apelo de emergência de 12 milhões de dólares: “Neste momento o problema afecta o Níger. Mas, infelizmente, corremos o risco de que a situação se venha a verificar também em países vizinhos como a Nigéria, o Mali e o Burkina Faso. Precisamos de atacar o problema o mais rapidamente possível, para evitar uma crise como a que se vive no Níger”, disse um responsável pela organização. Como se pode comemorar o “Dia Internacional da Criança”, se indicadores oficiais constantes de um relatório do instituto de pesquisa internacional da política de alimento (IFPRI), apontam para a possibilidade de 42 milhões de crianças poderem estar a passar fome em África em 2025, caso as actuais tendências da política e do investimento continuem?
Como se pode, por exemplo, assinalar o “Dia Internacional da Criança”, se todos os anos, a fome mata seis milhões de crianças em todo o mundo? Um “Relatório sobre a Fome no Mundo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO)” diz que o Sarampo, as diarreia ou a malária são só os motivos aparentes deste flagelo e que a subnutrição é a única causa que enfraquece os seus sistemas imunitários, impedindo-os de combater doenças banais para a maioria dos países desenvolvidos. A África subsariana e a região do planeta mais afectada por este flagelo. Este documento apresentado na 33.ª Conferência da FAO, revela que 852 milhões de pessoas em todo o mundo sobrevivem quase sem comida, sendo questionada a viabilidade da redução da pobreza extrema em 50% até 2015.
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 04 de Junho
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