PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

terça-feira, 19 de junho de 2007

EUA: A campanha eleitoral americana

O presidente dos EUA, George W. Bush, ainda tem quase dois anos de mandato pela frente, mas a corrida por sua sucessão já começou - nos dois grandes partidos americanos, a disputa pelo poder em 2008 já tem fundos milionárias para as campanhas, comícios e viagens dos maiores concorrentes e até debates marcados para os próximos meses. Entenda o processo, desde a briga pela indicação partidária até o dia da votação:
1. Quando os americanos elegerão um novo presidente?
A eleição está marcada para 4 de Novembro de 2008. O pleito indicará o 44º presidente dos Estados Unidos, pois o actual ocupante do cargo, George W. Bush, do Partido Republicano, não pode concorrer outra vez - ele já foi reeleito em 2004, quando derrotou John Kerry, do Partido Democrata. Ao contrário do que geralmente ocorre nos EUA, onde um presidente reeleito costuma apoiar seu vice na eleição seguinte, Dick Cheney não será candidato. Por escolha própria, o vice de Bush abdicou da disputa antes mesmo da votação de 2004 (quando Bush chegou a cogitar a troca de seu companheiro de chapa). Será a primeira eleição sem um presidente ou vice em 80 anos.
2. Por que os pré-candidatos já estão em campanha?
Por causa da realização das eleições primárias, no início de 2008, e da busca de recursos para financiar as campanhas. Em primeiro lugar, os pré-candidatos precisam ganhar projecção nacional (em palestras, comícios e viagens) e viabilizar uma candidatura vitoriosa. Só assim têm chances de chegar às primárias com força. Em relação à arrecadação, é uma necessidade legal. A legislação eleitoral americana é rigorosa no controle das doações feitas pelos simpatizantes de cada pré-candidato. Para poder receber qualquer valor, o político que almeja chegar à Casa Branca deve formar um "comité exploratório", tornando oficial sua intenção de concorrer à presidência dos EUA.
3. Como funciona a eleição presidencial americana?
O presidente não é eleito por voto popular, mas sim por um colégio eleitoral. O colégio tem 538 votos, divididos entre os estados. Em quase todos, o vencedor do voto popular leva todos os votos do colégio eleitoral do estado. Na eleição de 2000, Bush venceu assim: mesmo tendo menos votos que o rival Al Gore na soma do país todo, foi o mais votado na Flórida, e levou todos os votos do colégio eleitoral naquele estado. A distribuição dos votos no colégio é feita de acordo com o número de deputados e senadores de cada estado. O estado mais populoso, a Califórnia, tem 55 votos no colégio (ou cerca de 10% do total, apesar de abrigar 12% da população americana).
4. Por que a escolha do presidente não é feita pela votação popular?
O sistema de colégio eleitoral é uma velha tradição americana, e por isso jamais foi alterado. Ele surgiu na constituição de 1787, quando os treze estados que formavam o país na época não quiseram entregar a eleição do presidente ao povo. Assim, cada Assembleia legislativa estadual ficava encarregada de votar no colégio. Com o tempo, os membros do colégio passaram a ser apontados pelos partidos e, em seguida, pela votação popular - o que ocorre até hoje.
5. Como os candidatos são escolhidos?
Através das convenções dos partidos, em que delegados de todos os estados se reúnem e indicam quem é o candidato de sua preferência. Os delegados, por sua vez, são escolhidos nos meses que antecedem as convenções, em votações primárias e Assembleias, ou "caucuses", nos estados. Nas primárias, os eleitores filiados a cada partido vão às urnas - de forma voluntária - e indicam qual candidato preferem. Nas Assembleias, os eleitores se reúnem em locais públicos ou residências, discutem qual é o melhor nome e optam por um deles. A percentagem de votos nas primárias e de adesões nas Assembleias corresponde ao número de delegados enviados à convenção para defender cada candidato.
6. Qual é o calendário das indicações dos partidos?
De Janeiro a Junho, as Assembleias e primárias indicam os delegados para as convenções. Por volta de Março, contudo, os candidatos geralmente já estão definidos, e as primárias restantes passam a ter valor apenas simbólico. Entre 25 e 28 de Agosto, os democratas realizam a sua convenção, em Denver, Colorado. Entre 1 e 4 de Setembro, é a vez dos republicanos, em St. Paul, Minnesota. Com os candidatos escolhidos, a campanha começa oficialmente logo em seguida. Depois da votação de 4 de Novembro, os integrantes do colégio eleitoral se reúnem em 15 de Dezembro para confirmar o vencedor. Em 6 de Janeiro de 2009, o resultado é apresentado ao Congresso. Em 20 de Janeiro, o novo presidente é empossado.
7. Quem são os concorrentes mais fortes até agora?
Com a campanha ainda em seu estágio inicial, seis pré-candidatos - três de cada partido - são considerados os nomes mais importantes na disputa até aqui. Entre os republicanos, Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York; Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts; e John McCain, senador pelo Arizona. Entre os democratas, Hillary Clinton, senadora por Nova York; Barack Obama, senador por Illinois; e John Edwards, ex-senador pela Carolina do Norte. A possibilidade de outro candidato forte entrar na briga ainda existe. Os principais alvos dos rumores nesse sentido são o antigo vice-presidente Al Gore (democrata) e o ex-deputado Newt Gingrich (republicano).
8. Qual é o favorito entre os pré-candidatos da oposição democrata?
Nome mais citado para a sucessão de Bush desde o pleito de 2004, a senadora Hillary Clinton é a figura de maior destaque entre os democratas. A mulher do ex-presidente Bill Clinton é mais conhecida que os rivais e tem o maior poder de arrecadação de fundos para campanha. Se eleita, será a primeira mulher a presidir os EUA. Nos últimos meses, contudo, ganhou fôlego na briga o senador Barack Obama, que empolga boa parte do eleitorado democrata pela juventude e carisma. Se eleito, Obama será o primeiro negro na presidência. Pesquisa Wall Street Journal/NBC divulgada em 8 de Março mostrava Hillary com 40% da preferência do eleitorado democrata contra 28% de Obama e 15% de John Edwards. Num duelo apenas entre os dois principais candidatos, Hillary tem 47% e Obama, 39%.
9. Qual é o favorito entre os pré-candidatos governistas, do Partido Republicano?
Entre os eleitores, o preferido até agora é Rudy Giuliani, ainda muito admirado pelo papel exercido como prefeito nova-iorquino depois do atentado de 11 de Setembro de 2001. Na pesquisa Wall Street Journal/NBC, ele aparecia com 38% das preferências entre os republicanos. Mas Giuliani, casado três vezes e dono de posições rejeitadas pela ala maioritária do partido, tem forte rejeição entre importantes líderes republicanos (além da oposição dos grupos religiosos que costumam apoiar seus candidatos). O preferido desses grupos seria John McCain, que surgia com 24% na sondagem de Março. O senador, contudo, é considerado velho demais - se vencer a eleição, tomará posse aos 72 anos. No duelo apenas entre os dois, Giuliani tem 55% das intenções de voto contra 34% para McCain.
10. Qual será o papel de Bush e Cheney na eleição?
Se a popularidade do presidente continuar baixa, Bush deverá se afastar da campanha. Se recuperar pelo menos parte de sua aprovação popular, deverá subir ao palanque do candidato republicano para pedir votos e tentar garantir a manutenção do partido no poder. Em qualquer cenário, porém, Bush e Cheney serão personagens centrais da disputa. Os democratas deverão centrar fogo nos fracassos da gestão republicana. Os governistas tentarão defender as escolhas do actual presidente.
11. Qual é o peso da guerra do Iraque para a campanha?
Todos os analistas políticos americanos apontam a guerra como tema central da disputa presidencial de 2008. A crescente falta de apoio popular à presença americana no Iraque pode não só minar as chances de vitória dos republicanos como também derrubar a principal candidata democrata - na época da invasão, Hillary Clinton apoiou Bush na decisão de atacar. Por isso, Barack Obama deve insistir no assunto para enfraquecer a adversária. Como o senador ainda não estava no Congresso quando os EUA atacaram, ele não tem histórico de votações favoráveis a Bush na questão. Nos últimos meses, Obama foi um dos principais críticos da guerra na política americana (fonte: Folha de São Paulo)

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast