Artigo: DIA DO TRABALHADOR...
Hoje, 1 de Maio, é Dia do Trabalhador, porventura não mais do que uma efeméride que rotineiramente se assinala, todos os anos, e que provavelmente por causa disso tem perdido impacto numa sociedade cada vez menos solidária e hipocritamente de costas voltadas para a realidade social que transforma num drama esquecido, o quotidiano insustentável de muitos cidadãos por esse mundo fora. É fácil antecipar o que vai acontecer, porque todos os anos é exactamente sempre o mesmo que acontece: discursos, mais ou menos inflamados, manifestações de rua, sindicatos em busca de protagonismo, mas cada vez mais com espaço de manobra mais reduzido, discursos feitos à esquerda, com impacto quase nulo na resolução dos problemas (talvez porque é fácil estar na oposição, principalmente sem responsabilidades executivas), festas com comes-bebes e depois tudo volta ao normal, ao quotidiano de luta permanente de cidadãos que já não sabem onde encontrar amparo e que desesperam perante soluções que não aparecem e respostas que tardam. Eu não sou de esquerda como é sabido. Mas não admito que nenhum indivíduo da esquerda – particularmente do PCP e do Bloco de Esquerda, que habitualmente se apresentam como arautos do combate ao desemprego, sem nada resolverem, e “procuradores” dos desempregados sem que ninguém os tenha mandato para coisa nenhuma – pretenda estar mais preocupado do que eu perante o drama do desemprego.
Eu estou convencido que falar em festanças sindicais do “Dia do Trabalhador”, para qualquer um dos milhares de desempregados que inundam esse país, inclusivé a nossa Região, não faz sentido. Para qualquer um deles, o essencial é a obtenção de um emprego, a garantia de um rendimento que impeça que o seu agregado familiar, muitos deles em situações socialmente dramáticas, passe por privações diários inconcebíveis num país que se quer desenvolvido e numa sociedade que se pretende justa e solidária. Nos últimos anos em Portugal, tem crescido o drama do desemprego. O norte do País tem sido particularmente atingido pelo encerramento de fábricas que durante anos viveram à custa de subsídios oficiais e da exploração de mão-de-obra, muita dela jovem, mas que agora, empresas e empresários que agora, depois de terem enchido a pança, em nome da globalização patética e que legitima comportamentos verdadeira criminosos, procuram novos mercados, melhores condições para a instalação das suas empresas, tudo para poderem continuar a explorar mão-de-obra paga de uma forma vilipendiante. É um círculo vicioso que se repete, hoje em, Portugal, amanhã em qualquer país do leste europeu, porventura ontem, hoje e sempre, em África, na Ásia ou na América Latina, onde não conseguimos ter a dimensão da vergonhosa exploração de mão-de-obra, da absurda exploração do homem pelo homem. Tudo feito em nome do progresso, tudo tolerado em nome do desenvolvimento económico, tudo permitido em nome da globalização. Em Portugal há quem diga que para haver mais desenvolvimento económico, terá que haver mais desemprego. Estranha forma de explicar às pessoas como o desenvolvimento económico as beneficia... Os especialistas e os analistas económicos dirão que sim, socorrendo-se de uma linguagem imperceptível e de argumentos que apenas meia dúzia de pessoas eventualmente consegue decifrar. Tudo para dizer o que qualquer cidadão mais atento percebe sem dificuldade: para que os países se desenvolvam, a realidade económica dos nossos tempos exige, impõe, que isso se faça à custa da exploração do homem, das mulheres, dos jovens ou dos adultos, numa expressão, da escravização da população activa que precisa de trabalho para viver, por parte de empresários sem escrúpulos, em relação aos quais nem umas boas cacetadas são remédio.
Eu tenho escrito, já por diversas vezes, que me faz uma tremenda confusão a aparente (?) apatia da sociedade perante o drama do desemprego, o crescimento estatístico de cidadãos transformados em meros números num universo mais lato onde até se pretende explicar que “tecnicamente falando” 5% de desemprego é “pleno emprego”! O problema é que num universo de 100 mil activos, falar de 5% de desempregados obviamente que não se trata de uma questão de somenos. Estamos a falar de 5 mil pessoas que em circunstância alguma, digam o que disserem os malabarismos linguísticos, políticos, ou técnico-políticos, não têm emprego. E neste caso falar em pleno emprego é uma atoarda inconcebível que pode servir de gáudio aos tais analistas ou aos economistas mas que representa uma atentado à dignidade e aos direitos de cada uma das pessoas desempregados
Neste 1 de Maio de 2007, são crescentes os dramas sociais em Portugal. Na Madeira o desemprego ultrapassa os 8 mil cidadãos, enquanto que no País se fala em valores que variam entre os 425 e os 510 mil desempregados (na União Europeia o desemprego ultrapassa os 8 %), tudo dependendo dos “critérios” utilizados pelas entidades públicas e da própria instituição que divulga os indicadores estatísticos, já que porque também a este nível parece haver indicadores para todos os gostos e que variam, conforme a...encomenda.
Fixemo-nos nestes indicadores estatísticos das Nações Unidas: Há em todo o mundo mais de 200 milhões de desempregados, 43% dos quais são mulheres, sublinhando a OIT o elevado nível de desemprego entre os jovens (mais de 90 milhões de desempregados no mundo, pouco menos da metade do total possuem entre 15 e 24 anos). Na África subsaariana, oito em cada dez trabalhadores recebem menos de dois dólares por dia. O rendimento médio das mulheres é, geralmente 50% inferior à dos homens; existem 550 milhões de trabalhadores pobres, mas metade da população mundial vive com menos de 2 dólares por dia (mais de 1 milhão vive com menos de 1 dólar diário); três quartos dos que vivem na pobreza extrema estão no campo; aumenta o número dos trabalhadores sem qualquer protecção social, mais de 20% da população mundial é analfabeta, mais de 120 milhões de crianças em idade escolar não vão à escola (56% do sexo feminino) e 111 milhões de crianças exerciam em 2005, segundo a OIT, alguma actividade considerada perigosa.
Luís Filipe Malheiro
Eu estou convencido que falar em festanças sindicais do “Dia do Trabalhador”, para qualquer um dos milhares de desempregados que inundam esse país, inclusivé a nossa Região, não faz sentido. Para qualquer um deles, o essencial é a obtenção de um emprego, a garantia de um rendimento que impeça que o seu agregado familiar, muitos deles em situações socialmente dramáticas, passe por privações diários inconcebíveis num país que se quer desenvolvido e numa sociedade que se pretende justa e solidária. Nos últimos anos em Portugal, tem crescido o drama do desemprego. O norte do País tem sido particularmente atingido pelo encerramento de fábricas que durante anos viveram à custa de subsídios oficiais e da exploração de mão-de-obra, muita dela jovem, mas que agora, empresas e empresários que agora, depois de terem enchido a pança, em nome da globalização patética e que legitima comportamentos verdadeira criminosos, procuram novos mercados, melhores condições para a instalação das suas empresas, tudo para poderem continuar a explorar mão-de-obra paga de uma forma vilipendiante. É um círculo vicioso que se repete, hoje em, Portugal, amanhã em qualquer país do leste europeu, porventura ontem, hoje e sempre, em África, na Ásia ou na América Latina, onde não conseguimos ter a dimensão da vergonhosa exploração de mão-de-obra, da absurda exploração do homem pelo homem. Tudo feito em nome do progresso, tudo tolerado em nome do desenvolvimento económico, tudo permitido em nome da globalização. Em Portugal há quem diga que para haver mais desenvolvimento económico, terá que haver mais desemprego. Estranha forma de explicar às pessoas como o desenvolvimento económico as beneficia... Os especialistas e os analistas económicos dirão que sim, socorrendo-se de uma linguagem imperceptível e de argumentos que apenas meia dúzia de pessoas eventualmente consegue decifrar. Tudo para dizer o que qualquer cidadão mais atento percebe sem dificuldade: para que os países se desenvolvam, a realidade económica dos nossos tempos exige, impõe, que isso se faça à custa da exploração do homem, das mulheres, dos jovens ou dos adultos, numa expressão, da escravização da população activa que precisa de trabalho para viver, por parte de empresários sem escrúpulos, em relação aos quais nem umas boas cacetadas são remédio.
Eu tenho escrito, já por diversas vezes, que me faz uma tremenda confusão a aparente (?) apatia da sociedade perante o drama do desemprego, o crescimento estatístico de cidadãos transformados em meros números num universo mais lato onde até se pretende explicar que “tecnicamente falando” 5% de desemprego é “pleno emprego”! O problema é que num universo de 100 mil activos, falar de 5% de desempregados obviamente que não se trata de uma questão de somenos. Estamos a falar de 5 mil pessoas que em circunstância alguma, digam o que disserem os malabarismos linguísticos, políticos, ou técnico-políticos, não têm emprego. E neste caso falar em pleno emprego é uma atoarda inconcebível que pode servir de gáudio aos tais analistas ou aos economistas mas que representa uma atentado à dignidade e aos direitos de cada uma das pessoas desempregados
Neste 1 de Maio de 2007, são crescentes os dramas sociais em Portugal. Na Madeira o desemprego ultrapassa os 8 mil cidadãos, enquanto que no País se fala em valores que variam entre os 425 e os 510 mil desempregados (na União Europeia o desemprego ultrapassa os 8 %), tudo dependendo dos “critérios” utilizados pelas entidades públicas e da própria instituição que divulga os indicadores estatísticos, já que porque também a este nível parece haver indicadores para todos os gostos e que variam, conforme a...encomenda.
Fixemo-nos nestes indicadores estatísticos das Nações Unidas: Há em todo o mundo mais de 200 milhões de desempregados, 43% dos quais são mulheres, sublinhando a OIT o elevado nível de desemprego entre os jovens (mais de 90 milhões de desempregados no mundo, pouco menos da metade do total possuem entre 15 e 24 anos). Na África subsaariana, oito em cada dez trabalhadores recebem menos de dois dólares por dia. O rendimento médio das mulheres é, geralmente 50% inferior à dos homens; existem 550 milhões de trabalhadores pobres, mas metade da população mundial vive com menos de 2 dólares por dia (mais de 1 milhão vive com menos de 1 dólar diário); três quartos dos que vivem na pobreza extrema estão no campo; aumenta o número dos trabalhadores sem qualquer protecção social, mais de 20% da população mundial é analfabeta, mais de 120 milhões de crianças em idade escolar não vão à escola (56% do sexo feminino) e 111 milhões de crianças exerciam em 2005, segundo a OIT, alguma actividade considerada perigosa.
Luís Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 01 de Maio 2007
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