Portugal em 25º lugar entre 62 países num estudo sobre corrupção judicial

Negócio de milhões
"Quando os tribunais cedem face à corrupção por avareza ou conveniência política, a balança da justiça inclina-se e o cidadão comum é prejudicado", diz Huguette Labelle, presidente da TI, uma organização não governamental dedicada ao combate à corrupção. "A corrupção judicial implica que a voz do inocente não seja escutada, enquanto os culpados são livres de actuar com impunidade." Este último balanço global da TI mostra que, em mais de 25 países, pelo menos um em cada dez lares teve que pagar suborno para ter acesso à justiça. E, acrescenta a TI, noutros 20 países, mais de três em cada dez lares tiveram que recorrer ao suborno para obter acesso à justiça ou a uma decisão judicial favorável. Um comunicado deste organismo global envolvido na luta contra a corrupção cita dois exemplos: recorda uma sondagem realizada há cinco anos no Paquistão, em que 96 por cento dos inquiridos que haviam recorrido aos tribunais da primeira instância foram forçados a empenhar-se em práticas corruptas, ao passo que na Rússia está avaliado em 210 milhões de dólares (156 milhões de euros) o montante dos subornos consumados dentro dos tribunais.
"Uma judicatura corrupta corrói a capacidade da comunidade internacional para perseguir o crime transnacional e inibe o acesso à justiça e o ressarcimento das violações dos direitos humanos", recorda a TI em comunicado. Classificando o suborno como o outro lado obscuro da corrupção judicial, a Transparência Internacional revela que dados apurados em 32 países indiciarão que os juízes poderão ser receptivos a deixar-se subornar para atrasar ou acelerar processos, aceitar ou recusar recursos, influenciar outros juízes ou simplesmente para decidirem um processo de um modo determinado. Os funcionários judiciais, por seu lado, podem reclamar luvas por serviços que deveriam ser gratuitos. Já os advogados podem cobrar comissões adicionais para acelerar ou retardar causas ou para encaminhar clientes para juízes conhecidos pela sua disposição ao suborno.
"Se o dinheiro e a influência são a base da justiça, os pobres não podem competir", realçou Akere Muna, vice-presidente da TI e presidente da União Pan-Africana de Advogados. "O suborno não só torna a justiça inacessível como também arruína a capacidade de o sistema judicial lutar contra ela e de funcionar como modelo de independência e prestação de contas”. (fonte: António Arnaldo Mesquita, Publico)
<< Página inicial