PINACULOS

Opinião e coisas do nosso mundo...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Artigo: Agora vamos lá...

Ou é hipócrita ou não está na plena posse das suas faculdades mentais. Desculpem-me o extremismo comparativo, mas não vejo outra maneira. Quando ouvimos Serrão – que certamente ainda não percebeu (ou já percebeu e por isso anda histérico?) que só será candidato à chefia do governo regional pelos socialistas locais se ninguém mais quiser – acusar Alberto João Jardim de “traição” pelo facto de ter anunciado a sua demissão, das duas uma: ou rimos às gargalhadas (mas há muito tempo, há demasiado tempo, que andamos a rir com as asneiradas dele e dos seus pares) ou recomendamos tratamento psiquiátrico. Não há alternativa. Um indivíduo que andou mais de um ano a assumir-se como o defensor na Madeira de todas as medidas tomadas pelos socialistas do Terreiro do Paço que prejudicaram a Madeira e penalizaram os Madeirenses, um indivíduo que lidera um partido que na Região Autónoma nunca foi capaz de assumir uma posição política contra o poder central e colonial de Lisboa, contra qualquer uma das inúmeras decisões tomadas em Lisboa contra a Madeira (porque motivo Serrão, em vez de asneirar, não aprende com o que se passa em Valença e noutras localidades do Continente, onde os socialistas locais mostram a dignidade de servir as pessoas e não em ser seguidistas do Largo do Rato), um indivíduo que esteve sistematicamente contra a Madeira, que chega ao ponto de afirmar que a lei de finanças regionais – que “só” retira cerca de 400 milhões de euros à Madeira até 2014 – não prejudica a Região e o seu Povo (argumento que tem como padrinho-mór o deputado Maximiano Martins), apesar de tudo isto ainda tem a suprema lata (porque dignidade é coisa há muito perdida), de falar nestes termos – «Esta atitude representa uma traição aos madeirenses e porto-santenses que lhe confiaram uma maioria para governar e não para tremer perante a primeira contrariedade» – que mais podemos dizer? Traição? Serrão não deve ter espelho em casa! Vamos ver o que diz o Povo Madeirense, vamos ver... Por isso eu não entendo porque motivo anda a oposição tão incomodada, da extrema-esquerda à extrema-direita, com as eleições regionais antecipadas. Não têm a tal nova lei eleitoral que derrotaria o PSD? Não têm um Alberto João Jardim “esmagado” pela vingança cega dos socialistas de Lisboa, em conluio politicamente criminoso, com os socialistas locais? Não têm um Governo Regional incapacitado de cumprir o programa de governo nos prazos inicialmente previsto para um período de quatro anos? Não têm um PSD meio desorientado, provavelmente atordoado ainda, e que alguns dizem não ser capaz de se unir em torno do essencial e dos objectivos políticos e eleitorais primordiais? Então porque ficaram todos incomodados? Vamos lá todos a votos, vamos ver se há ou não legitimação dos órgãos de governo próprio e dos seus dirigentes. Vamos ver se a Autonomia consegue ou não, mais uma vez, vergar as desconfianças de alguns indivíduos em Lisboa que nunca esconderam dúvidas quanto à legitimação eleitoral de João Jardim e do PSD. Vamos ver de que lado está o eleitorado madeirense. Vamos tirar dúvidas. Vamos saber o que pensa e quer o Povo da Madeira e do Porto Santo. E depois, só depois do veredicto, falamos. Porquê esperar, masoquistamente, por 2008, só para fazer a vontade à oposição e aos calendários políticos e eleitorais por ela definidos? Fazer render a hipocrisia chauvinista de um poder central em Lisboa, sectário, politicamente nada sério e que, cada vez mais representa, o equívoco eleitoral dos portugueses? Parvoíce pegada é também a reacção do PS nacional – com conferência de imprensa marcada para as 20 horas, início dos telejornais, numa demonstração da “doença” que atingiu os promotores principais da propaganda socialista e a cumplicidade da comunicação social, sem coragem para acabar, de uma vez por todas, com esta subserviência crónica, nada disto se passaria – ao afirmar, imagine-se (!), que “o presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim se demitiu sem nenhum motivo, num acto de "guerrilha institucional" para tentar prolongar o seu mandato”. Numa declaração lida no Largo do Rato (local de realização ao longo de 2006 de diversas reuniões de trabalho socialista, nas quais ficaram definidas a metrologia a adoptar no combate a João Jardim e quais as medidas que seriam objecto de atenção por parte do governo socialista de Sócrates) por Vitalino Canas, este resolveu criticar também a direcção nacional do PSD, por alegada "incapacidade de liderança e falta de coragem" para dissuadir Alberto João Jardim de apresentar a demissão. Canas “esqueceu-se”, de repente, que os socialistas nacionais andaram a planear no eixo Rato-São Bento todos os comportamentos politicamente mafiosos (porque nada sérios) contra a Madeira, que elaboraram um calendário de iniciativas políticas (partidárias) e governamentais, devidamente articuladas, esquema esse que foi mantido restrito, que tinha em consideração um determinado calendário que seria significativamente intensificado a partir do último trimestre de 2007, e vem agora dar moral ao PSD nacional por ter mostrado solidariedade com Alberto João Jardim e o PSD da Madeira? Mas quem é afinal este Canas, para querer ser um pregador de moralismos na política? E que dizer – hipocrisia extrema – do comportamento oportunista, saloio e hipócrita, para não dizer energúmeno, de Canas e de outros socialistas, que se arvoram em “defensores” de Cavaco Silva e se colam oportunistamente ao Presidente da República, graças à cumplicidade lamentável deste (porque se mantém em silêncio perante estes factos e não reage), tentando branquear tudo o que disseram de Cavaco nos meses de antecederam a campanha eleitoral, da gravidade de acusações dirigidas ao candidato presidencial durante a campanha eleitoral, da linguagem rafeira e dos insultos que o brindaram antes de eleito? Só a memória curta, triste e lamentável – mas no meu caso não inesperada – de Cavaco pode ajudar a perceber (?) esta completa e absurda subversão de princípios na política. Mas, é caso para dizer, cada país tem os eleitos que merece.
Luis Filipe Malheiro
Jornal da Madeira, 21 Fevereiro 2007

Click for Funchal, Madeira Islands Forecast