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quarta-feira, 9 de maio de 2007

Independentistas da Escócia e conservadores festejam na derrota esperada dos trabalhistas

Alex Salmond, líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), profetizava ontem "ventos de mudança" para a Escócia e o mesmo se podia dizer quanto ao resto da Grã-Bretanha. A mudança, na Escócia, é para o SNP. Mas, em Inglaterra, é para os conservadores de David Cameron. Convertendo os resultados em números redondos nacionais, as últimas projecções davam aos Tories 13 pontos percentuais à frente do Labour. Com 40 por cento, apressaram-se os conservadores a anunciar, se fossem as legislativas, ganhavam maioria suficiente para governar.
"A Escócia mudou definitivamente e para sempre", discursou um vitorioso Salmond. "Poderá haver outros governos e ministros da Escócia trabalhistas nas próximas décadas, mas nunca mais o Partido Trabalhista pensará que tem o direito divino de governar". Parece ser o final dos 50 anos da primazia Labour na Escócia. O SNP, pela primeira vez, foi o partido mais votado. Com 47 lugares, ultrapassou o Labour, com apenas 46 lugares no Parlamento em Edimburgo. Segundo dados da BBC, os conservadores obtêm 17, os Liberais Democratas 15, e os verdes dois lugares. Alex Salmond foi eleito de forma surpreendente em Gordon, onde o SNP tinha apenas um terceiro lugar, e o número dois do partido também venceu uma eleição arriscada.
O resultado do SNP é histórico, mas não significa que o SNP governe a Escócia nos próximos quatro anos.
Salmond questionou a "autoridade moral para governar a Escócia" do Labour depois de ter sido "castigado" pelo eleitorado, mas o Partido Trabalhista ainda tem hipótese de se manter no Governo escocês. O Parlamento escocês fica assim nas mãos de Menzies Campbell. E o líder liberal democrata fez-se difícil: "Nós somos contra a independência - essa é a nossa posição e não vai mudar", disse, frisando o ponto de discórdia com o SNP.
O esforço na última fase de campanha por parte de Blair e de Gordon Brown colocou o partido em competição ferozmente renhida com o SNP, mas não foi suficiente. Esta é uma pesada derrota para o actual primeiro-ministro e para o plausível futuro primeiro-ministro, o escocês Gordon Brown.Entretanto, O novo sistema de voto provou ser um fiasco. Com eleições simultâneas - para o Parlamento e Governo local - mas modos de votar diferentes, muitos eleitores ficaram confusos. Ontem falava-se em 100 mil boletins invalidados e a comissão eleitoral lançava um inquérito. Quanto à Inglaterra ficou, sem dúvida, um país a azul, os Tories falavam mesmo no muito esperado "renascimento" conservador. Os pontos vermelhos do Labour foram desaparecendo, com a perda de mais de 470 councillors, ainda a contagem não tinha terminado, e oito concelhos. Os conservadores ganharam mais 38 concelhos, subindo para 160, e os liberais democratas perderam cinco, descendo para 22.
"Somos o partido nacional que fala pelo povo", declarou o líder conservador, David Cameron, considerando os resultados em Inglaterra "extraordinários", apesar da falha, apontada por analistas, em conquistar peso em pontos geográficos essenciais como as zonas urbanas no Norte do país.
Mas Tony Blair não está habituado a perder: "As pessoas percebem que se viemos de piores resultados e ganhámos as eleições legislativas [em 2005], não há razão para não fazermos o mesmo desta vez. (...) Mas para aqueles que disseram que iríamos ser destruídos, não é o caso". Usando a expressão de mau augúrio da primeira página do The Independent de ontem, "o veredicto final para Tony Blair", verdade seja dita, não foi assim tão mau. Nas duas últimas eleições locais, o Labour não tinha ultrapassado os 26 por cento. É possível, dizem analistas, que o facto de Blair ter anunciado que apresentará a demissão para a semana tenha ajudado a conter o desastre trabalhista que se esperava. Talvez não tenha sido uma catástrofe, mas sem dúvida - com perdas também no País de Gales, o Labour sofreu por toda a Grã-Bretanha - não são os resultados que Blair gostaria para a despedida.
Fonte: Susana Moreira Marques, Londres, Publico

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