PINACULOS
Opinião e coisas do nosso mundo...
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Empregos na UE: perspectiva optimista, mas com progressos desiguais
"O Relatório Conjunto sobre o Emprego, a adoptar pelos Ministros do Emprego a 29 de Fevereiro, dá conta de um crescimento impressionante do emprego no ano passado. Quase 6,5 milhões de novos empregos foram criados nos últimos dois anos, estando previstos mais 5 milhões até 2009. Espera-se que o desemprego na UE baixe para menos de 7% em 2008, o nível mais baixo desde meados dos anos 80. O relatório – que avalia a forma como os Estados-Membros aplicaram os respectivos programas nacionais de reformas na área do emprego – revela grande optimismo. Porém, também destaca algumas áreas de persistente preocupação, nomeadamente o desemprego dos jovens e o investimento insuficiente em educação e formação. «As recentes reformas do mercado de trabalho estão a começar a dar frutos», declarou Vladimír Špidla, Comissário Europeu responsável pelo Emprego. «O desemprego estrutural teve uma quebra de um terço desde 2004 e a taxa de emprego da UE, actualmente em 66%, aproximou-se bastante do nosso objectivo global de 70%. Todos os Estados-Membros lançaram reformas de fundo desde 2005, mas alguns responderam com mais vigor do que outros. Precisamos de redobrar os nossos esforços para responder eficazmente aos desafios da globalização e do envelhecimento, em particular investindo mais e de forma mais selectiva na formação ao longo da vida". Leia no site da Comissão Europeia.
Opinião: EDUCAÇÃO
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Também referi ontem dois aspectos distintos: por um lado o impacto negativo causado por manifestações convocadas para sedes partidárias, embora exista toda a liberdade para o fazerem, como é evidente, pelo facto de eu entender – mas quem pensar de forma diferente da minha respeite ao menos a minha liberdade de pensar assim - que não se deve confundir actividade governativa com actividade partidária. E digo isto não para branquear seja o que for, mas por ter a noção de que ninguém do PSD da Madeira ficaria satisfeito se, por exemplo, em dia de reunião de um qualquer seu órgão partidário, fosse convocada uma manifestação para a porta da sede para prolongar manifestações públicas quase diárias e, como se viu, para insultar pessoas. O que eu escrevi, e mantenho, é que é preciso separar a questão institucional e profissional do protesto legítimo por parte de quem se considera prejudicado, perseguido ou descontente com decisões tomadas pelo poder, de outros aspectos que acabam por ser desvalorizados, por comportarem uma forte componente partidária. Não será que tenho razão?
Relativamente à política educativa nos seus múltiplos aspectos - tal como a maioria das pessoas que não estão directamente ligadas ao sector educativo - temos uma limitada visão global do problema que, no que me diz respeito, constitui um condicionalismo que me impede de emitir juízos de valor ou fazer avaliações mais aprofundadas e fundamentadas. Limito-me apenas a ter uma visão superficial do problema, conhecendo, como todos, a existência de contestação quase diária ao Ministério, a par da de sinais de arrogância e de auto-convencimento por parte de alguns membros do Ministério da Educação (sobretudo nas audições nas comissões parlamentares da Assembleia da República, algumas das quais tenho seguido em directo). Tal como acompanho as manifestações sindicais, a polémica em torno de questões mais concretas, como a avaliação dos professores – princípio que defendo – o modelo de gestão proposto para as escolas, a falta de recursos financeiros para o sector, os problemas causados pela acção social escolar, o absurdo de algumas das normas do estatuto do aluno, sobretudo no plano avaliativo e comportamental que não dignificam ninguém nem o sistema, o contestado estatuto da carreira docente, os graves problemas decorrentes da falta de alunos, consequência da preocupante realidade demográfica do país (embora o fenómeno seja europeu), e o impacto dessa realidade incontornável no encerramento de centenas de escolas e no desemprego de milhares de professores, mais de 16 mil segundo li recentemente, nos rankings das escolas, nas notas médias obtidas em exames nacionais que questionam o próprio modelo educativo português, provavelmente desde a sua base e princípios essenciais, etc. Não falei no ensino superior, nos problemas das universidades, estruturais e financeiros, na falta de alunos, nos cursos frequentados por meia dúzia de estudantes, no processo avaliativo das universidades e respectivo ranking, na disputa entre o governo e as universidades, nas situações de quase falência financeira em que muitas delas se encontram, etc, porque o ensino superior não é tutelado pelo Ministério da Educação. Não falei em nada disso. Limitei-me a referir-me à natural divergência de opiniões quanto ao modelo de gestão das escolas, bem como à inegável polémica em torno dos critérios e da metodologia que o governo pretende impor no âmbito desse modelo avaliativo dos professores e que tanta contestação tem gerado entre a classe. Na Madeira, por exemplo, não foi aprovado um Estatuto da Carreira Docente contestado pelos sindicatos? Mas esse Estatuto não está aprovado e publicado? Referi-me aos 16 mil desempregados, que vão aumentar, como uma realidade incontornável que coloca desafios novos aos sindicatos, aos próprios professores e ao governo, embora todos reconheçam ser de difícil resolução. Por acaso este desemprego crescente entre os professores começou com este governo ou com os anteriores dois governos do PSD/PP? Então o que foi feito, antes deles, para suster esta tendência?
Portanto, e em resumo, não me apontem intencionalidade de branqueamento ou sequer de apoio a uma política educativa que, embora necessitando de reformas, está a ser conduzida de forma conflituosa, gerando naturais manifestações de descontentamento, compreensíveis e legítimas. Aliás, não creio que qualquer Ministro da Educação, porque é desse que falamos, possa ter sucesso na implementação de mudanças se não pugnar pelo diálogo, sem submissões, é certo, mas tentando gerar alguns consensos com todos os parceiros, o que não me parece que tenha sido feito. A verdade é que a “doença” do sistema educativo e todos os seus vícios - tal como na Saúde - são legados que têm a sua origem em meados dos anos setenta, depois do 25 de Abril, quando foram introduzidas aceleradamente reformas a martelo, perfeitamente populistas e demagógicas, inspirados em modelos políticos e sociais esgotados com o tempo e empurrados por num conceito de mudança rápida de procedimentos e de orientações, procedimentos que causaram os problemas que hoje estão na origem de muita da polémica e das insuficiências estruturais, organizativas e funcionais do sistema.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira, 29 de Fevereiro de 2008)
Reportagem: "Maior edifício do mundo é na China"
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Opinião: "Situação piorou desde o último relatório de 2004"
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Opinião: "Um quinto das crianças em risco de pobreza"
Relatório da Comissão Europeia diz que Portugal é o segundo país da UE onde o risco de pobreza infantil é maior. A subida do desemprego, o baixo nível de vida e a elevada taxa de abandono escolar são factores que explicam o retrato negro. Uma em cada cinco crianças portuguesas está exposta ao risco de pobreza, o que faz de Portugal o País da União Europeia, a seguir à Polónia, onde as crianças são mais pobres ou correm maior risco de cair nessa situação. O retrato negro consta do relatório conjunto sobre a protecção social e inclusão que é hoje apresentado em Bruxelas (Bélgica) e que deverá ser adoptado no dia 29 pelo Conselho de Ministros do Emprego e Segurança. O mesmo relatório permite concluir que a situação portuguesa nesta matéria não só piorou em termos absolutos face ao último balanço realizado sobre a matéria em 2005 ( referente a rendimentos apurados em 2004) como também ficou mais isolada em termos comparativos.
Portugal em penúltimo
No balanço anterior, o nível de exposição à pobreza infantil em Portugal estava em 20% e alinhava com países como a Espanha, Irlanda e a Grécia, estando, ainda assim, abaixo dos níveis registados na Lituânia e na Polónia. Agora, de acordo com dados do novo relatório, o risco de pobreza infantil só é pior na Polónia, e já superou o patamar de 20%. Uma situação que está relacionada com a escalada do desemprego em Portugal. Enquanto em 2004, Portugal ainda apresentava das taxas de desemprego mais baixas de toda a União Europeia, nos últimos anos, a situação inverteu-se. Em Julho do ano passado, por exemplo, Portugal já era, a par de países como a Grécia, Polónia e Eslováquia, um dos três países com as mais elevadas taxas de desemprego, em torno dos 8,2%.
Baixos salários
Portugal em penúltimo
No balanço anterior, o nível de exposição à pobreza infantil em Portugal estava em 20% e alinhava com países como a Espanha, Irlanda e a Grécia, estando, ainda assim, abaixo dos níveis registados na Lituânia e na Polónia. Agora, de acordo com dados do novo relatório, o risco de pobreza infantil só é pior na Polónia, e já superou o patamar de 20%. Uma situação que está relacionada com a escalada do desemprego em Portugal. Enquanto em 2004, Portugal ainda apresentava das taxas de desemprego mais baixas de toda a União Europeia, nos últimos anos, a situação inverteu-se. Em Julho do ano passado, por exemplo, Portugal já era, a par de países como a Grécia, Polónia e Eslováquia, um dos três países com as mais elevadas taxas de desemprego, em torno dos 8,2%.
Baixos salários
O desemprego não é, no entanto, o único factor a explicar o crescimento do risco de exposição infantil à pobreza, que remete também para o baixo nível salarial praticado em Portugal, para a crescente precariedade do emprego ou para níveis mais baixos de transferências sociais. Nunca é demais lembrar que mais de 20% da população empregada tem actualmente contratos a prazo - que não garantem estabilidade de rendimentos - e que o salário mínimo não vai, este ano, além dos 426 euros. Em 2006, por exemplo, o salário médio nacional rondava os 712 euros. Isso mesmo é possível concluir do relatório conjunto sobre protecção social e inclusão, quando refere que o risco abrange tanto as crianças que vivem no seio de famílias desempregadas como as que vivem em lares onde os pais estão empregados. Isto, porque, de acordo com dados do Eurostat de 2005, relativos a rendimentos de 2004, os trabalhadores portugueses são, juntamente com os polacos, os que apresentam a mais elevada taxa de risco de pobreza, em torno dos 14%, no seio da União Europeia. Ou porque os salários não são suficientes ou porque o emprego não é sustentável. Mesmo assim, relativamente ao risco para as crianças, há outros países que partilham com Portugal níveis relativamente altos de pobreza, como sejam a Espanha, Grécia, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo e Polónia. "É uma situação que tem de ser superada, porque afecta direitos básicos de cidadania", afirma Armando Leandro. O presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças em Perigo diz mesmo que "o combate à pobreza deve ser um desígnio nacional" e que existem já iniciativas para a combater. O responsável separa a situação da pobreza do risco para a criança, mas refere que há perigos, como "menor disponibilidade dos pais ou menor escolarização". Os estudos realizados sobre a pobreza coincidem na conclusão de que os riscos de pobreza aumentam nas famílias com crianças e idosos, mas também, e sobretudo, nas famílias monoparentais.
Deficiente alimentação
A situação de desestruturação familiar é apontada pela presidente do Banco Alimentar, para explicar "o agravamento das condições de vida" de muitas famílias. "Muitas crianças apenas se alimentam com o que lhes é servido nas instituições de solidariedade social, nem sequer tomam pequeno-almoço em casa", disse Isabel Jonet. Acrescentando que "quando vão de férias regressam mais magras". O abandono escolar é outro factor incontornável para medir o risco de exposição infantil à pobreza, sabendo--se que os desníveis nas qualificações são a causa fulcral das desigualdades sociais. A este respeito, Portugal também está numa posição preocupante: a percentagem de jovens até os 24 anos com baixa educação secundária era de 39% em 2006 (ano lectivo de 2004-2005), a segunda pior de toda a União Europeia, a seguir a Malta. A taxa de abandono escolar baixou entretanto para valores da ordem dos 35%, mas, ainda assim, Portugal continua, neste campo, na cauda da União Europeia.
Texto da jornalista Carla Aguiar, do DN de Lisboa
Opinião: MANIFESTAÇÕES
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Ressalvando esta introdução, julgo que é muito importante que os professores – que admito tenham razões de queixa de algumas medidas do Ministério da Educação ou que estejam a organizar-se corporativamente, quer contra os novos modelos de gestão das escolas, quer contra a anunciada avaliação ou novos métodos de progressão na carreira – percebam, aliás tal colmo outros grupos profissionais, que o fundamental não é o mediatismo que se alcança na comunicação social, a capacidade de oratória de alguns dirigentes sindicais mais conhecidos, nem as entrevistas que os dirigentes sindicais concedem ou a amplitude do ruído de manifestações, mas antes a capacidade de negociação, a quiserem de persuasão também, e, mais do que tudo, a disponibilidade evidenciada pelo governo para aceitar dialogar e, eventualmente, inverter a tendência de algumas das medidas anunciadas ou em fase final de estudo ou aprovação legislativa. Neste quadro, puramente profissional e institucional, é errado confundir-se a liberdade de protestar, de reivindicar e de discordar de um governo, com acções junto de sedes de partidos políticos, sejam eles quais forem e os motivos que estão na sua origem. Penso que não estarei a dizer nenhuma enormidade se garantir que a esmagadora maioria das famílias portuguesas têm pelo menos um(a) professor(a) entre os seus membros e que estes problemas acabam por ser acompanhados por todos os membros desse agregado familiar com natural expectativa e ansiedade. Julgo que não é demais lembrar, também, os mais de 16 mil professores desempregados, o que exige que a questão seja encarada com o realismo que muitas vezes não se compadece com fundamentalismos tontos que não conduzem a nada.
Mas o essencial, neste contexto, é ter presente que o próprio José Sócrates reafirmou as “suas” regras do jogo, garantindo nessa reunião partidária no Rato (na qual a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e os seus dois secretários de Estado também estiveram presentes) que reuniu pouco mais de uma centena de docentes socialistas, que “mantém a política educativa porque o país precisa dela e que não governa para obter simpatias”. Obviamente que José Sócrates não podai ser mais claro quanto à sua orientação em matéria de política educativa, que disse será mantida, o que coloca aos professores e aos sindicais – mais àqueles que a estes – desafios novos. Revelou um jornal que, “de acordo com um dos presentes na reunião, uma das 30 intervenções foi de um militante que declarou a José Sócrates que muitos dos professores que votaram no PS em Fevereiro de 2005 não o fariam neste momento. Sócrates respondeu que não estava a trabalhar para as corporações, mas para o país, e que o país precisa das medidas que o Governo está a tomar. Outro militante presente na reunião relatou que o secretário-geral do PS assinalou que não governa para obter simpatia e que não está preocupado em obter simpatias”. Ora esta reafirmação das linhas essenciais do seu programa mostra uma determinação que, francamente, não parece compadecer-se com manifestações como a do Largo do Rato que acabam opor ter um efeito exactamente contrário ao pretendido. Quanto à questão da avaliação dos docentes, e sem querer envolver-me em polémicas que não me dizem respeito, direi apenas que em termos de competência, de esforço, de dedicação, de esforço, de disponibilidade, de preparação, inclusivamente em casa, etc, os professores não podem ser todos colocados num mesmo patamar avaliativo. É assim que eu penso, é isto que eu digo, é esta uma realidade incontornável, gostem ou não de ouvi-la. Podem-se discutir procedimentos, prazos, metodologias, implicações, salvaguarda de manipulações, etc, Mas não me parece que se possam discutir os princípios essenciais subjacentes a toda esta polémica.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 28 de Fevereiro de 2008)
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Opinião: DÉFICES E EXPECTATIVAS…
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Diz o jornal em questão (Publico) que no ano passado Portugal acabou mesmo por não conseguir evitar o impacto no défice destas duas injecções de capital, “já que, em Abril de 2007, o Eurostat – que tem a palavra final nas contas públicas – forçou as autoridades portuguesas a corrigir os dados de 2005, agravando o défice”.
Mas enquanto Portugal – governo e a tal comissão – discutem afinal qual o défice público que apresentarão a Bruxelas, e que depois terá que ser aceitem ou não, pelos organismos comunitários a quem cabe a última palavra nesta matéria, ficamos a saber que Portugal ocupa a 15ª posição como destino preferido pelos investidores estrangeiros ao nível da União Europeia, segundo dados constantes de um estudo realizado por uma empresa de consultoria, para quem "desempenho de Portugal em 2007 surpreende pela positiva”, mantendo em 2007 a mesma posição que tinha 2005, no âmbito da União Europeia, à frente da Dinamarca, Áustria e Noruega. Quer isto dizer que o governo socialista tem assentado muita da sua retórica quanto á recuperação da economia e quanto á estabilidade e controlo das contas públicas em informações da autoria de entidades públicas ou privadas consistentes, dispersas, mas que nalguns casos têm alguma credibilidade.
Deixando para trás as questões formais, vamos ao encontro do país real – utilizando o mesmo procedimento que na Região a oposição usa quando quer confrontar os resultados do PIB regional (mas não é disso que estamos a falar) com a realidade social interna – e constatar, ou tentar constatar, se nos últimos anos tem existido ou não. Por parte da governação em Lisboa, uma dependência crónica perante um predomínio imposto do primado economicista em elação a todos os demais, nomeadamente as questões humanas.
E é a mesma Comissão Europeia que o governo quer ver aprovar o défice abaixo dos 3% a traçar um retrato, a propósito da pobreza em Portugal, particularmente dos idosos e das crianças que nos envergonha a todos (mas esse será tema de um meu próximo artigo), já que revela o efeito pernicioso de orientações economicistas, onde apenas o défice das contas públicas é essencial. Eu esclareço desde já, até para evitar interpretações erradas ou deturpações, que considero uma obrigação dos governos e dos Estados o equilíbrio das suas contas públicas, porque insistir sistematicamente em gestões deficitárias acaba por constituir um ónus que em nada abo na a favor dos governantes. Considero, e nem sequer discuto isso, que este governo, na fase inicial do seu mandato, depois das eleições de 2005, teve necessidade de suster o agravamento do défice público. O que se pode questionar, com toda a legitimidade, são as medidas adoptadas, a natureza e a intencionalidade eventualmente subjacentes a nalgumas delas, mas sobretudo a sua prorrogação temporal até hoje a par de muitas contradições – e amanhã falaremos disso – reveladoras de hesitações ou de cumplicidade com determinadas realidades financeiras do Estado que parecem passar ao lado de tudo o que tem sido feito noutros níveis, nomeadamente com as Regiões Autónomas, os Municípios e alguns departamentos governamentais.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 27 de Fevereiro de 2008)
Reportagem: "Como se faz um sucessor presidencial à russa"
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Reichstag: o incêndio do século XX
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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Um sistema planetário semelhante ao nosso?
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Norte do País vítima do desemprego
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Caça a um tesouro nazi...
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Para onde viajam os nossos deputados?
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Opinião: ACORDOS?
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Acho um absurdo que o PSD – salvo se este partido de Meneses, em que me parecem ser cada vez menos os que nele acreditam, não quer ganhar as legislativas de 2009 - se ponha agora a negociar seja o que for. Se o governo socialista diz que não altera o mapa judiciário, se os socialistas dizem que não recuam na legislação autárquica (embora neste caso pareça existir ainda uma réstia para algum entendimento, - então esqueçam os pactos de regime e preparem mas é a estratégia política para 2009, porque é disso que precisamos, é isso que se exige ao PSD, a progressiva construção de uma imagem consistente de competência, de coerência, de seriedade, porque sem esses atributos ninguém lhe atribui crédito, n em olha para os social-democratas como a alternativa que dizem ser e querer (?) ser. Portanto, acho que não vale a pena dramatizar o assunto: se houver acordo, há que cumpri-lo, caso não seja possível um entendimento, partamos para outra.
Mas, e este é o reverso da medalha, o PSD não pode dar, seja em que circunstâncias for, a ideia de ser um partido instável, de avanços e recuos, que tanto dá dois passos em frente, como depois, pressionado pelos seus múltiplos interesses corporativistas internos, dá o dito por não dito e recua dois ou passos atrás. Numa expressão, o PSD não pode dar uma imagem – ou deixar que a construam na comunicação social – de que é um partido pouco sério, que não cumpre acordos, que tem uma liderança que vagueia ao sabor de pressões ou de interesses próprios de quem tudo faz para manter-se no poder, porque poder significa sobrevivência, e porque sobrevivência significa o usufruto de mordomias ou outras vantagens inerentes.
Uma segunda questão (e não vou falar no crescente número de figuras social-democratas que acham que o partido precisa urgentemente, ainda em 2008, caso não haja uma grande mudança interna, de procedimentos, de discurso e de estratégia, de medidas preventivas extremas) que me irritou profundamente – porque, em certa medida, pode ser reveladora (oxalá me engane) do carácter de quem se encontra hoje na liderança do maior partido da oposição – tem a ver com a rápida tentativa, ainda por cima de forma contraditória (o seu secretário-geral tinha dito, nesse mesmo dia, que o partido assumiria a penalização), de Meneses em demarcar-se da multa que foi imposta ao PSD pelo Tribunal Constitucional, por alegado financiamento ilegal por parte de uma empresa de construção (estamos a falar de procedimentos no cumprimento da lei vigente), pretendendo com isso dizer que o “seu” partido terá outro procedimento e que não correrá tais riscos. Ainda bem, oxalá que assim seja, porque todos estes casos em torno do financiamento dos partidos, funcionam sempre como implacáveis ”pregos no caixão” dos partidos cuja credibilidade entre os portugueses está muito por baixo. Mas para além disso, Meneses tem que perceber que não há reinados nos partidos, que existe uma continuidade que apenas conhece, esporadicamente, protagonistas, uns mais competentes que outros (alguns não passam de páraquedistas caídos em tachos, não se sabe bem de onde, como, para quê e porquê, para os quais não estão minimamente preparados). Se em 2009 o PSD perder as eleições legislativas e Meneses for rapidamente posto a andar, ninguém vai andar a falar dele daqui a uns anos. Foi apenas mais um erro que, por não ter dado nada de útil ao partido e ao país, cairá rapidamente no implacável esquecimento da História, regra geral caracterizada por uma tremenda memória curta…
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 26 de Fevereiro de 2008)
Glaciares da Antárctida derretem depressa
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
A tal cimeira...
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Opinião: REFORMAS…
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De facto, a seguradora AXA realizou um estudo sobre as reformas em 2008 que concluiu que elas não cobrem as despesas dos beneficiários. O estudo, divulgado em Janeiro deste ano, fala na existência de um "défice de 109 euros entre a pensão e os gastos dos reformados portugueses, na medida em que o valor médio da pensão dos reformados portugueses em 2007, situou-se no montante de 646 euros mensais, valor insuficiente para cobrir as despesas que se situaram nos 755 euros, gerando um défice de 109 euros".
Segundo o estudo que tenho feito alusão, Portugal é o país europeu com o mais baixo valor da pensão de reforma, logo depois da República Checa (331 euros) e da Hungria (300 euros), embora a diferença necessária para cobrir a despesa mensal seja inferior no nosso país do que a de países como a Bélgica (271 euros) ou a França (362 euros). Estas conclusões do “Barómetro Reforma 2008” daquela seguradora, realizado pelo quarto ano consecutivo, “com o objectivo de analisar e comparar as atitudes e comportamentos de activos e reformados face à reforma”, comparam os resultados de Portugal com os de países como a Austrália, Bélgica, Canadá, China, República Checa, França, Alemanha, Hungria, Itália, Japão, Marrocos, Espanha, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos da América, Polónia e Eslováquia, entre outros. Diz a seguradora que o inquérito realizado em Portugal “envolveu 608 pessoas, das quais 309 no activo, com mais de 25 anos, e 299 reformados ou em situação de reforma antecipada, com menos de 75 anos”. Curiosamente constata-se que, “quatro em cada dez portugueses começou a preparar a reforma”, apesar do estudo concluir que no caso do nosso país “apenas 40% dos activos iniciou o processo de preparação da sua reforma, uma percentagem que, entre os checos, os primeiros da lista, é de 79%”. Os indicadores do nosso país estão abaixo da média da Europa Ocidental (55%) e do próprio estudo (54%), mas não somos os piores pois em Espanha e em Itália a percentagem de activos que antecipadamente preparou a sua reforma varia entre os 30 e os 38%. Outro dado interessante, segundo o estudo desta seguradora, é que a média de idade dos portugueses que antecipadamente iniciaram a preparação da sua reforma, logo aos 34 anos, “é das mais altas, apenas ultrapassados pelos húngaros (38 anos), pelos checos (36) e dos chineses (35), mostrando os espanhóis, franceses e os suíços indicadores iguais aos dos portugueses”.
Estes dados apenas desmistificam a ideia de que o governo socialista de Lisboa anda a fazer tudo o que pode, quer pelos reformados, quer em matéria de incentivo da poupança e do recurso a soluções que o mercado coloca á disposição das pessoas para garantirem antecipadamente uma reforma sem problemas. Obviamente que é sabido que as famílias não têm possibilidade de poupança, que os níveis de endividamento têm aumentado – e voltaram a aumentar mais de 10% em2007 – pelo que nada resta para ser investido noutras opções, por exemplo nestas. Mas, por favor, se assim é, e julgo que ninguém de bom senso e sério negará esta evidência, então deixem de andar a vender a ideia, outra propaganda, de que os reformados estão hoje melhor do que no passado. Não estão, e ponto final. O estudo da seguradora AXA, que venho citando, revela, por exemplo, que 60 por cento dos portugueses activos que reconhecem que ainda não se preocuparam com isso, que só vão encetar diligências para a preparação da sua reforma aos 45 anos. E só 16% dos activos conhecem o valor da sua reforma futura, o que explica que Portugal seja o segundo país onde os activos menos conhecem esse montante da sua futura reforma. E diz o estudo que, “mesmo entre os que estão mais próximos da reforma (mais de 55 anos), menos de 3 em cada 10 activos conhece o valor da sua reforma futura” (os mais informados são os alemães, 54%, os norte-americanos e os suíços, ambos com 44%. Refira-se, finalmente, que mais do que uma “visão negativa da Segurança Social”, ao portugueses reconhecem o seu pessimismo quanto à reformulação do sistema, embora “mais de metade dos activos (55%) espera uma reformulação do sistema de reformas nos próximos dez anos, traduzida no aumento do número de anos de trabalho e na redução do valor da pensão de reforma”.
Luís Filipe Malheiro (in "Jornal da Madeira", 25 de Fevereiro de 2008)
Airbus à frente da Boeing
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Alasca rende-se à exploração petrolífera
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Começou o "abandonar do barco" de Durão Barroso
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